sábado, 28 de maio de 2016

ANIVERSÁRIO

FERNANDO DE OLIVEIRA RAFAEL

26/28-05-1936

Nesta data especial...

Muitas Felicidades!

Parabéns!



Texto -para os duros de ouvido!
I  Acto – O NASCIMENTO E A INFÂNCIA

                                  ***
Paulo vai a correr chamar a vizinha!
Vai, não perguntes nada         
Diz para vir preparada
Que o nascimento já se adivinha
Agora não posso, estou a jogar ao pião!
Vai depressa meu malandro,
É o nascimento do teu irmão!
Paulo nem queria acreditar:
Já tinha duas irmãs,
Mas com elas não queria brincar.
Queria que fosse um irmão
Para com ele jogar
Ao berlinde e ao pião!
Iria tratá-lo com muito amor.
Até já pensava oferecer-lhe um tambor…
Paulo correu, correu pelas ruas de Penela.
Chamou toda a gente que estava à janela.
Chamou o padeiro
Chamou o leiteiro
O sapateiro e o merceeiro.
Chamou o Hilário
Chamou a florista
O boticário e o exorcista.
Chamou a parteira e o irmão
Também o padre e o sacristão!
E por fim, estava lá em casa a vila inteira.
Alguns vestidos à maneira.
Todos preparados para a festa
Para ver se o puto nascia desta.
E no ano de 1936,
Precisamente no dia 26
Dum bonito mês de Maio
Finalmente nasceu o catraio!
O irmão cumpre a promessa
Parte o mealheiro com todo o vigor
E foi comprar a toda a pressa
Um grande e bonito tambor.

Toda a vila estava em festa
Um arraial com gente rica e gente modesta.
E ao som daquele tambor
O povo dançou até o sol se pôr.
A festa continuou
E nesse dia ninguém se lembrou
Que o tinham de registar
E também um nome lhe dar!
Alguém se lembrou sem gozo
Que por nascer na Primavera
E de tão belo que ele era
Chamar-lhe Fernando como o formoso.
Assim, dois dias depois
Lá foram ao Registo
Testemunhar que tinham visto
Na freguesia de São Miguel
O nascimento nesse dia
De D. Fernando Rafael.
Assim, a verdade ficou oculta
Para que o pai não pagasse a multa!
Os anos vão passando
E depressa Dom Fernando
Começa a andar
E deixa de mamar
Só pensava no seu bombo, só queria era bombar!
Por vezes também brincava com as irmãs e o irmão.
Jogava à bola, ao berlinde, às casinhas e ao pião.
Mas a cabeça dele não estava ali não senhor
A cabeça dele estava sempre no tambor!

Fernando!
Dizia-lhe a sua mãe:
Já fizeste os deveres da escola?
Ele respondia sem abrir a sacola:
Eu já sei tudo minha mãe,
Eu sei mais do que ninguém!...
Ele lá saber, sabia…
Mas o pior era a caligrafia!
Na escrita era um horror
Pegava na caneta como se fosse o tambor!
Mas naquele tempo, só passava quem sabia
E assim não havia quem o passasse.
E para aperfeiçoar a caligrafia…
D. Fernando repete a 4ª classe.
Era franzino, um lingrinhas
Mas muito pior que um pilha galinhas
Todo o mal que na vila acontecia
Era ele que o fazia.
Não! Ele não era! Ele jura
Mas a verdade é que tudo tinha a sua assinatura!
Quando o pai o castigava
 Ele não chorava, cantava!...
A Guarda Republicana
É que dele não teve dó
E quando apanhou o sacana
Espetou com ele no chilindró.
A mãe não gostou, desatou a chorar
E o pai ao fim do dia lá teve que o ir buscar.
Mas nem ele se arrependia
Nem a prisão de emenda lhe servia!
Os dias passam iguais
E achando que havia vinho a mais
Na pipa do seu avô
Dom Fernando sem hesitar
Abriu a torneira do pipo
E viu o vinho pelas ruas a jorrar!
Muitos  açoites apanhou naquele rabo
Mas aquilo não era gente, era o diabo
O próprio diabo em pessoa
Nascido de gente boa.
Os pais não o conseguem acalmar
E pedem a Deus para o ajudar
E como Deus escreve direito por linhas tortas
Oferece-lhe uma nefrite
Que o acalma até ao limite.
Como em Penela não há cura para a maleita
Ruma então para Coimbra de mala feita.
Lá iria ser bem tratado
Do mal que Deus lhe deu
E ser devidamente orientado
Nos estudos e na educação
Pelos tios, Deolinda e Abegão

Como no liceu só havia matulões
Que lhe batessem e lhe dessem empurrões,
E disso os tios tinham medo
Resolveram então mandá-lo
Estudar no Colégio São Pedro!
Mais calminho, lá ia estudando
E os conselhos dos tios escutando
A caligrafia continuava um horror
Mas cada vez tocava melhor no seu tambor.
Termina aqui a infância em toda a plenitude
De Dom Fernando de Oliveira Rafael.
Irá gastar muita tinta e papel
Os anos seguintes da sua juventude
Para trás ficou muito amor e alguma dor
Mas seguirá pela vida fora
Carregando desde o romper da aurora
O seu querido e inseparável tambor.


O AUTOR: Alfredo Moreirinhas











Encerrou na rua da Guiné....


Fotos e vídeos João Rafael

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6 comentários:

DOM RAFAEL O CASTELÃO disse...

Entrada no 3º dia de comemorações da ternura dos 80!

Carlos Carvalho disse...

Grande abraço de Parabéns, acompanhado de um beijinho da Fernanda!

São Rosas disse...

Qualquer coisinha te fica bem!

D. Gelamaria disse...

O meu pai é o maior!

D. Gelamaria disse...

E os Amigos... os Melhores!

Paulo Moura disse...

Como eu disse há já um ano, quando começámos a falar entre nós sobre organizarmos uma homenagem ao Rafaelito, teria que ser uma homenagem aos amigos do Rafaelito... para ele não ficar com a sua modéstia melindrada.
E o dia de ontem, quanto a mim, foi isso: uma homenagem aos Amigos do nosso Grande amigo Rafaelito.
Bem hajas, Rafaelito, por... seres!